Funcionalismo
“A nova geração de antropólogos
britânicos, cujos expoentes são justamente Radcliffe-Brown e Malinowski ,
promoveu a crítica radical dos postulados evolucionistas e difusionistas que
dominavam a antropologia clássica, estabelecendo um novo método de investigação
e interpretação que ficou conhecido como “escola funcionalista”. O
funcionalismo, na antropologia, desenvolve-se em três linhas, algo distintas: a
dos discípulos de Boas, nos Estados Unidos; a de Malinowski e a de
Radcliffe-Brown, na Inglaterra.” (p.20)
“A crítica fundamental que
Malinowski e os demais funcionalistas dirigem à antropologia clássica refere-se
à arbitrariedade das categorias utilizadas.” (p.20)
“Para os funcionalistas, os
elementos culturais não podem ser manipulados e compostos arbitrariamente
porque fazem parte de sistemas definidos, próprios de cada cultura e que cabe
ao investigador descobrir.” (p.20)
“O conceito de função aparece
como o instrumento que permite reconstruir, a partir dos dados aparentemente
caóticos que se oferecem à observação de um pesquisador de outra cultura, os
sistemas que ordenam e dão sentido aos costumes nos quais se cristaliza o
comportamento dos homens.” (p.20)
“A grande inovação de Malinowski
no trabalho de campo consistiu na prática do que é chamado hoje em dia
observação participante. Os princípios fundamentais dessa prática e o
desenvolvimento dessa experiência estão minuciosamente relatados na Introdução
dos Argonautas.” (p.23)
“É importante ressaltar que o
fundamento essa técnica do observador que consiste na assimilação das
categorias inconscientes que ordenam o universo cultural investigado.” (p.24)
Instituição
“As instituições se apresentam
portanto como limites “naturais”, isto é, estabelecidos pela própria cultura,
que permitem evitar o perigo de transformar a análise funcionalista, no
estabelecimento infindável de correlações.” (p.26)
“Para Malinowski, a instituição é
sempre uma unidade multidimensional. Conforme a formulação elaborada anos mais
tarde, no seu ensaio Uma Teoria Científica da Cultura, ela compreende uma
constituição ou código, que consiste no sistema de valores em vista dos quais
os seres humanos se associam[...]”. (p.26)
“Na interpretação de Malinowski,
a instituição não deve ser concebida como a simples soma dos aspectos de sua
estrutura, mas verdadeiramente como sua síntese. A integração das diferentes
dimensões da cultura é a refenrência constante de toda a investigação. Por
outro lado, é necessário não confundir a síntese construída pelo antropólogo
com a ideia que dela fazem seus portadores. Note-se que Malinowski sempre
insiste na diferença entre o código e as normas da instituição, de um lado, e,
de outro, as atividades efetivamente desempenhadas pelos membros do grupo.”
(p.26)
“[...] verifica-se que os
diferentes aspectos da instituição não possuem todos a mesma relevância
explicativa, pois é nas atividades, isto é, no comportamento humano real, que
se encontra o elemento verdadeiramente sintético que fornece a chave para a
apreensão da instituição na totalidade de seus aspectos.” (p.27)
“A instituição aparece pois como
uma projeção parcial da totalidade da cultura, não como uma de seus aspectos ou
partes. A descrição sempre as desenvolve no sentido de mostrar,
simultaneamente, como a instituição em apreço permeia toda a cultura e,
inversamente, como toda a cultura e, inversamente, como toda a cultura está
presente na instituição.” (p.27)
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